Saúde Ocupacional: Prevenção e Desafios – com Cícero Jaime – MKPE Entrevista #77

por | set 28, 2024 | MKPE Entrevista

A saúde ocupacional é um dos temas mais importantes e, por vezes, subestimados no ambiente corporativo. Neste episódio do MKPE Entrevista, Elaine Costa recebe Cícero Jaime, sócio-fundador da Antares Gestão Ocupacional, para uma conversa esclarecedora sobre como as empresas podem cuidar da segurança e da saúde dos seus colaboradores, prevenindo acidentes e cumprindo as normas exigidas pela legislação brasileira.

1. A Importância da Saúde Ocupacional para Empresas e Colaboradores

Elaine Costa inicia o bate-papo destacando o papel essencial das empresas em cuidar do bem-estar de suas equipes. Para Cícero, a prevenção de acidentes e doenças ocupacionais é uma responsabilidade que vai além do cumprimento de leis. “Cada real investido na saúde dos colaboradores retorna em produtividade e lealdade”, comenta. Além disso, um ambiente seguro diminui custos operacionais com afastamentos e tratamentos médicos.

2. Legislação e Laudos Necessários

Para garantir a saúde ocupacional, Cícero explica que é essencial conhecer e atender aos requisitos legais. Entre os principais laudos, ele destaca:

  • LTCAT (Laudo Técnico das Condições Ambientais do Trabalho): Documento elaborado por um engenheiro de segurança do trabalho que descreve o ambiente de trabalho e avalia se ele apresenta condições adequadas ou perigosas.
  • PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional): Baseado no LTCAT, esse programa estabelece exames médicos periódicos e controles de saúde específicos para cada função.
  • PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos): Relativamente recente, ele define o monitoramento e os procedimentos preventivos contra os riscos identificados nos laudos anteriores.

Esses documentos ajudam a garantir a segurança e a saúde dos funcionários, além de proteger a empresa contra possíveis sanções legais.

3. Erros Comuns das Empresas na Saúde Ocupacional

Durante a entrevista, Cícero alerta sobre erros que muitas empresas cometem na gestão da saúde ocupacional. “Infelizmente, muitas empresas negligenciam a necessidade de laudos e exames médicos”, diz. A falta de um AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros) em indústrias e a ausência de planos de evacuação e treinamento são erros comuns que, em casos extremos, podem resultar em graves acidentes.

Elaine complementa, ressaltando que muitas empresas só investem em segurança quando enfrentam problemas. “Depois de um acidente, todo mundo percebe a importância de ter protocolos e laudos de segurança”, comenta.

4. Como a Ergonomia Influencia a Saúde dos Colaboradores

A ergonomia é um fator vital para a saúde ocupacional, especialmente em atividades de escritório. Cícero explica que a falta de mobiliário adequado, como cadeiras ergonômicas, e o uso incorreto de dispositivos podem causar sérios problemas de saúde, como dores lombares e fadiga visual. “O organismo sente os impactos de longas horas em uma cadeira inadequada. É essencial prevenir lesões adotando normas ergonômicas”, afirma.

Para colaboradores que trabalham remotamente, as empresas também devem proporcionar condições adequadas em casa, oferecendo suporte como cadeiras e mesas ajustáveis.

5. Trabalho em Altura e Riscos Específicos

Ao abordar atividades de maior risco, como trabalho em altura, Cícero destaca a importância de realizar exames e treinamentos específicos. Ele menciona que trabalhadores nessas condições precisam passar por avaliações médicas rigorosas, como exames cardíacos e testes psicológicos, para assegurar que estão aptos ao trabalho.

Além disso, engenheiros de segurança devem verificar se o uso de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), como cintos e capacetes, está adequado e seguro, visando proteger os colaboradores contra eventuais acidentes.

6. Acidentes de Trabalho: Estatísticas e Impacto Econômico

No Brasil, os dados sobre acidentes de trabalho são alarmantes. Cícero compartilha estatísticas que reforçam a necessidade de prevenção: “A cada três horas, um trabalhador perde a vida em decorrência de acidentes de trabalho, e a cada três segundos, ocorre um novo acidente”. Além de tragédias pessoais, esses incidentes têm um impacto financeiro significativo para as empresas e para a Previdência.

Elaine reforça que criar uma cultura de segurança é o caminho mais eficiente para reduzir esses números. Pequenos incidentes que, inicialmente, parecem inofensivos podem se agravar caso não sejam resolvidos.

7. Cultura de Segurança no Trabalho

Uma cultura de segurança bem estabelecida vai além do uso de EPIs. Envolve uma mudança de mentalidade, em que todos, desde a liderança até os colaboradores, assumem a responsabilidade pela segurança. “Empresas que adotam essa cultura observam uma redução nos acidentes e uma maior motivação entre os funcionários”, comenta Cícero.

Elaine compartilha sua experiência na Petrobras, onde testemunhou como a implantação de uma forte cultura de segurança transformou o ambiente. “A gente entrava na área e todos já estavam se preparando, usando os EPIs. A conscientização traz melhorias contínuas”, afirma.

8. Benefícios para a Empresa e o Colaborador

Cícero destaca que investir em saúde ocupacional não é apenas uma questão de prevenção, mas também uma forma de valorizar o capital humano da empresa. Colaboradores que se sentem seguros e valorizados tendem a ser mais produtivos, engajados e leais à organização.

“Investir no bem-estar da equipe não é custo, é retorno”, enfatiza ele. Assim, uma empresa que prioriza a saúde de seus colaboradores demonstra comprometimento com a responsabilidade social e constrói uma imagem de marca positiva.

9. O Papel do BNI na Gestão Empresarial e Motivação

Na parte final da entrevista, Cícero e Elaine discutem o papel do BNI (Business Network International), uma rede de networking empresarial que ambos integram. Para Cícero, o BNI atua como um “grande instrumento de motivação empresarial”, onde ele aprendeu a aprimorar práticas de gestão e a desenvolver uma visão estratégica, essenciais para empresas focadas em segurança e produtividade.

10. Conclusão: A Segurança é Responsabilidade de Todos

Ao longo da entrevista, fica claro que a segurança ocupacional não é apenas um conjunto de medidas legais, mas uma cultura que deve ser adotada por todos dentro da empresa. Investir em prevenção é uma forma de demonstrar compromisso com os colaboradores e, ao mesmo tempo, fortalecer a reputação e a eficiência do negócio.

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